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Instituto de Terras do Piauí - INTERPI
Começam a chegar investimentos aos ex-sem-terras do entorno da Serra da Capivara
18/10/2006 - 00:21:23  
  
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Assinatura do contrato

Por José Marques de Souza Filho
Assessor de Comunicação INTERPI
Tel 9426 5663

Depois de regularizar, em meados deste ano, a situação das 532 famílias que moram há mais de 20 anos no entorno do Parque Nacional da Serra da Capivara, situada no município de São Raimundo Nonato, na região do semi-árido, o Governo do Estado, através do INTERPI – Instituto de Terras do Piauí, e o Governo Federal, através do INCRA – Instituto de Colonização e Reforma
Agrária, começam a levar os primeiros investimentos para as 5 associações contempladas com o Comodato de 29.904 mil hectares de terras situadas nas localidades Serra Branca, Serra Vermelha, Nova Jerusalém, Estação, Sitio Novo, Percata, Mucambo, Fazenda Mota, Serra Queixo e Tanque Novo.

Na manhã de ontem, (17) num evento realizado nas dependências de uma igreja, localizada no povoado Estação, há cerca de 20 km da sede do município, as famílias contempladas foram assinar o contrato para recebimento de R$ 2400 mil, na modalidade Crédito Apoio, num total de cerca de R$ 1,5 milhão. “Este crédito é um tipo de investimento social do Governo, não reembolsável, para que cada família faça o seu projeto produtivo, destinando ainda um percentual para compra de alimentos e implementos agrícolas como enxada e arado. Vale ressaltar que o dinheiro é repassado para a associação que efetua a compra dos equipamentos”, declarou Francisco Guedes, diretor geral do INTERPI.

Guedes disse ainda que os benefícios que começam a chegar naquela região são fruto da organização daquelas comunidades e do governo, com o apoio de entidades como a CPT – Comissão Pastoral da Terra e do sindicato dos trabalhadores rurais. “Os mais de 29 mil hectares de terra concedidos pelo governo a estes Agricultores Familiares representam, se considerado o preço de R$ 100,00 por hectares, o montante de quase R$ 3 milhões, que o governo do estado, através do INTERPI está confiando nas mãos desses trabalhadores. “Sempre é bom lembrar que esta é uma área especial e tem que ter a preocupação com o meio ambiente. A única contra-partida que o governo exige dos trabalhadores/as, além da organização, é a extinção da caça na região. É necessário conservar o meio ambiente. Para isso haverá capacitação dos trabalhadores para projetos produtivos que não agridam o meio ambiente, como a apicultura e a criação de galinhas e de porcos caipiras ”, destacou Guedes.

De acordo com Rommel, representante do INCRA naquela oportunidade, os recursos do Crédito Apoio já estão empenhados, esperando apenas o repasse do setor financeiro, que deve acontecer nos próximos dias. “É através disso que mais piauienses conseguem ser contemplados pelos projetos de Reforma Agrária. Vale dizer que, se o INTERPI não tivesse feito a regularização fundiária, nada disso seria possível. Agora estas famílias vão ter acesso ao Programa de ATES – Assistência Técnica em Assentamentos Rurais e o PROCERA – Programa Nacional de Reforma Agrária”, disse Rommel.

Ele alertou as famílias e os dirigentes das associações contra a ação dos aproveitadores de ocasião, lembrando que, somente em São Raimundo Nonato, serão aplicados mais de R$ 6 milhões até 2007. “Área de assentamento é prioridade. Estas famílias vão receber ainda R$ 1500 mil como investimento especial na região semi-árida para captação de água de chuva, cisternas,
poços, açudes, além de R$ 5 mil de Crédito Habitação por família, para a construção ou melhoria habitacional”, disse ele. Rommel falou também sobre a falta de documentação dos homens e mulheres destas comunidades, onde a mais prejudicada é sempre a mulher. De acordo com ele, uma das estratégias encontradas pelo Governo é que, agora, dentro do Programa Nacional de Reforma Agrária, os dois cônjuges assinam o documento de recebimento do dinheiro.

Assentados querem conhecer Parque Nacional da Serra da Capivara

“Como gostar do que a gente não conhece?”. Esta pergunta foi feita ao diretor geral do INTERPI, Francisco Guedes, por um dos assentados durante aquele evento. O agricultor disse ainda que mora há mais de 20 anos naquela comunidade e nunca foi convidado a visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara. “Ao contrario, somos discriminados e chamados de “bandidos da
caatinga”.

Guedes respondeu que a iniciativa de conhecer aquele Parque Nacional pode sair de qualquer lugar, inclusive das próprias famílias organizadas em grupos, como fazem as escolas e os turistas que vem de todas as partes do mundo, não precisa de convite formal. “O Parque Nacional da Serra da Capivara é um patrimônio da humanidade, do Brasil e do Piauí. Mas, é
principalmente um patrimônio do povo da região de São Raimundo Nonato, que são os principais responsáveis pela preservação e conservação dele”, encerrou Guedes.

Famílias mostram primeiros resultados com a Criação de Abelha

Dentro das estratégias para assentamento das famílias que moram entre os dois grandes parques nacional do Piauí, o INTERPI e outras instituições estão propondo às famílias a troca do cultivo de lavouras como milho e feijão pela produção de mel e outras culturas que tenham maior rendimento e que não agridam o meio ambiente. “Estas famílias estão percebendo que a produção de mel de abelha, por exemplo, é mais lucrativa que caçar animais nativos e
desmatar a mata para plantar lavouras. Com isso, está sendo possível a convivência destas comunidades com a preservação do patrimônio arqueológico e cultural da Serra da Capivara e das Confusões”, afirma Guedes.

Na comunidade Nova Jerusalém, criada há mais um ano e que tem 39 famílias assentadas a produção de mel já é uma realidade. Um bom exemplo, é de José Aparecido Alves que vai tirar a primeira produção das 34 colméias que ele cria. “Aqui dá mel o ano inteiro, pois as abelhas têm sempre uma florada diferente para produzir. Acho que vai dar para tirar uma florada de 15 em 15
dias. Nesta primeira vou tirar 16 caixas, o que deve dar cerca de 5 latas de mel. A gente vende lá em São Raimundo Nonato ao preço de R$ 50,00 a lata, mas penso, em breve, criar uma cooperativa com meus colegas e amigos para ter um melhor preço do nosso produto”, disse o produtor.

18/10/06

Instituto de Terras do Piauí